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Imóveis em Portugal ganham suíte e garagem para agradar comprador do Brasil

Publicado em 11-12-2016

Não é só Miami (EUA) que tem atraído brasileiros em busca de um imóvel no exterior. Recentemente, os olhares e investimentos passaram a mirar também para o outro lado do Atlântico. Os brasileiros já figuram entre os estrangeiros que mais investem em imóveis em Portugal.

Por isso, as incorporadoras portuguesas têm buscado adaptar a planta dos empreendimentos ao gosto dos novos fregueses. Mais de um banheiro, vaga de garagem, elevador e varanda são alguns dos itens procurados pelos compradores estrangeiros –em especial, os brasileiros.

“Antigamente, era comum ter três quartos e uma suíte”, diz Vasco Pereira Coutinho, CEO do grupo Temple, conjunto de incorporadoras e gestora de fundos privados em Portugal com foco no mercado imobiliário. “Hoje em dia, há bastantes empreendimentos em que todos os quartos têm banheiros. É um reflexo dos brasileiros no mercado”, diz o empresário, que tem imóveis em bairros nobres de Lisboa, como Chiado, Alto do Parque e Amoreiras.

Portugal é “um novo destino no radar dos brasileiros”, na visão de Felipe Monteiro, CEO da Max Internacional, que presta assessoria imobiliária a empresas brasileiras.

Miami, Orlando, Texas e Nova York continuam no mesmo ritmo. Não é uma questão de [EUA] ou [Portugal], mas de [EUA] ‘e’ [Portugal].

‘Retrofit’ para incluir garagem e elevador

Imóveis nos centros históricos, que já contavam com cômodos espaçosos e localização privilegiada, ganham recursos extras de conforto quando passam pelo “retrofit” –reforma que inclui a modernização do imóvel. “Os brasileiros gostam de estar em um prédio histórico, mas com conforto de um apartamento novo”, diz Monteiro.

“Além do banheiro, os brasileiros demandam prédios com garagem e elevador, o que nem sempre é comum em Lisboa. Assim, nos empreendimentos que passam por ‘retrofit’, os incorporadores têm sempre incluído esses itens quando possível”, afirma Luiza Cazarin, coordenadora da área internacional da Axpe, imobiliária associada à rede Christie’s Real Estate, focada no público de alta renda.

Segundo Luiza, a procura cresce a cada mês. Atualmente, ela atende cerca de dez clientes por semana interessados em imóveis em Portugal e trabalha com 40 empreendimentos voltados a esse perfil. Edifícios com vista livre (sem prédios muito próximos ao redor) também são disputados.

Até 10 mil euros por metro quadrado

Lisboa e Porto são as cidades mais procuradas pelos brasileiros, segundo a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (Apemip). Cascais e Estoril, no litoral próximo a Lisboa, são procuradas por quem quer viver lá, especialmente por sua oferta de empreendimentos novos. Segundo a imprensa local, existe até uma lista de espera por imóveis na região.

Nos bairros mais procurados por brasileiros em Lisboa, como o Chiado e Príncipe Real, que é famoso por seus jardins e antiquários, o metro quadrado oscila entre 5.000 (cerca de R$ 17,8 mil) e 7.000 euros (R$ 25 mil). A avenida Liberdade tem preços que chegam a 9.000 (R$ 32 mil) ou 10 mil euros (R$ 35,5 mil) por metro quadrado.

O empreendimento Orpheu IX, no bairro do Chiado, conhecido por suas casas de fado e vida boêmia, é um edifício histórico que teve sua fachada preservada e foi remodelado para abrigar apartamentos de 110 a 370 metros quadrados, com varanda, garagem e vista para a cidade de Lisboa.

No Liberdade Terraces, a meia quadra da avenida Liberdade, uma das principais vias da cidade e endereço de marcas de luxo e hotéis 5 estrelas, todos os dormitórios são suítes. Previsto para 2018, cada apartamento tem duas vagas na garagem e grandes varandas –no apartamento de três quartos, chega a 52 metros quadrados.

O empreendimento Janelas Verdes, ainda em construção, fica na Lapa, bairro com casarões históricos e embaixadas. Tem garagem e uma varanda de 30 metros quadrados em apartamentos que variam de 120 a 200 metros quadrados.

Portugal como base em viagens pela Europa

De acordo com a Apemip, o perfil do brasileiro que investe em Portugal atualmente é, em sua maioria, de pessoas com mais de 50 anos das classe A e B. A motivação varia: há quem invista em um imóvel em busca de qualidade de vida, quem busque uma residência temporária em uma cidade europeia e outros que compram para investimento, com possibilidade de alugar o imóvel por curtos períodos.

A arquiteta Fernanda Marques comprou com o marido, em 2014, um apartamento de 140 metros quadrados e dois dormitórios no bairro do Chiado, em um prédio do século 16. Ela diz que costuma viajar três vezes por ano para Portugal e o imóvel funciona como uma base para visitar outros pontos da Europa.

Queria algo pequeno e bem localizado. Procuramos um imóvel que, uma vez lá, permitisse fazer tudo a pé, levar uma vida diferente da que temos em São Paulo.

Fernanda lembra que muitos prédios são adaptados para se transformarem em edifícios residenciais, por isso é mais difícil encontrar uma configuração parecida com a que os brasileiros estão acostumados em centros históricos. “Poucas coisas na Europa são feitas do zero; a maioria são ‘retrofits’. Essa quantidade de banheiros que a gente gosta não é tão importante para o Europeu”, diz.

Visto e incentivos fiscais

Portugal tem atraído brasileiros por meio de incentivos. “No Consulado Geral de Portugal em São Paulo, são atribuídas mensalmente cerca de 800 novas cidadanias a brasileiros (…), o que significa que o investimento brasileiro em Portugal deverá ser ainda maior do que o contabilizado nas estatísticas”, afirma Luis Lima, presidente da Apemip.

Também há uma procura crescente pelo “Golden Visa”, autorização de residência para quem compra propriedades (ou fundos de investimentos) de no mínimo 500 mil euros (R$ 1,8 milhão) em Portugal ou faz investimentos financeiros acima de 1 milhão de euros (R$ 3,6 milhões). Com isso, o investidor ganha todos os direitos de um cidadão português a educação e saúde –benefícios estendidos a filhos e pais, desde que comprovada a dependência.

Segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, desde sua criação, em 2012, até setembro deste ano, foram emitidos 209 vistos para brasileiros –atrás apenas da China, com 2879 imigrantes investidores. Os números podem parecer baixos, mas muitos pedidos em tramitação, segundo o consultor Felipe Monteiro, da Max Internacional.

Há, ainda, incentivos a quem transferir rendimentos para o país, com o Visto de Residente não habitual. Ele pode ser requisitado, por exemplo, a aposentados com renda acima de 6.500 euros ao ano. O benefício é válido por 10 anos e isenta a pessoa do Imposto de Renda.

Isso, claro, sem falar nas belas paisagens, na boa gastronomia e na facilidade de falar a mesma língua.

Fonte: www.uol.com.br