Desde o início do ano, mais 207.000 imigrantes tentaram atravessar o Mediterrâneo, quase o triplo do recorde anterior, de 2011, quando 70.000 pessoas tentaram fugir de vários países durante a primavera árabe.
“Estes números constituem uma nova etapa: enfrentamos vários conflitos e a Europa se viu diretamente afetada”, afirmou Adrian Edwards, porta-voz da ACNUR. Com conflitos ao sul (Líbia), leste (Ucrânia) e sudeste (Síria e Iraque), a Europa registra atualmente o maior fluxo de desembarques pelo mar. Quase 80% das tentativas de viagem acontecem a partir da costa da Líbia, com Itália ou Malta como destinos almejados.
Muitos imigrantes que conseguiram entrar na Itália são da Síria (60.051), país que vive uma guerra civil há mais de três anos e meio, e da Eritreia (34.561), que tentam escapar da miséria e da ditadura que governa o país.
A ACNUR criticou a gestão migratória dos países europeus e lamentou que alguns governos tenham mais preocupação em manter os estrangeiros afastados de suas fronteiras, ao invés de respeitar o direito de asilo. “É um erro, a reação ruim em um momento no qual um número recorde de pessoas fogem da guerra” afirmou António Guterres, alto comissário da ONU para os refugiados. “Todos os países têm preocupações de segurança e gestão da imigração, mas as políticas devem ser concebidas de forma que não resultem em considerar as vidas humanas como danos colaterais”, completou.
Apenas em novembro, 8.000 imigrantes receberam ajuda no Mediterrâneo. No fim de outubro, as autoridades italianas confirmaram o fim da operação “Mare Nostrum”, que permitiu salvar dezenas de milhares de imigrantes no Mediterrâneo. A Itália iniciou a operação sem precedentes para evitar tragédias em alto mar, mas sem o apoio de outros países europeus não estava disposta a prosseguir com o plano. Vários aceitaram, por fim, contribuir para uma nova operação, conhecida como Triton. Mas esta operação se limita a vigiar a fronteira da UE no Mediterrâneo.
Fonte – France-Presse
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