Depois de um ano de retracção, o número de colocados no ensino superior volta a aumentar. Na 1.ª fase do concurso de acesso há 44.500 estudantes que têm garantido lugar num curso superior, mais 1,2% do que no ano passado.
Este total de colocados é o quarto mais alto da última década — em 2009 e 2010 foram cerca de 45.500 e há dois anos 44.914. O concurso do ano passado, no qual 43.992 garantiram um lugar no ensino superior, tinha significado uma interrupção numa tendência de aumento do número de entradas, iniciada em 2013, e que este ano é retomada.
O crescimento no número de entradas é maior no ensino politécnico (aumenta 1,5% e recebe 17.220 novos alunos), mas são as universidades que continuam a ter a preferências dos alunos. Acolhem 27.280 colocados, mais de 60% do total.
O aumento de colocados já era expectável, tendo em conta o que o número de candidatos ao concurso também subira, 3,4% — e foi mesmo superior ao total de vagas disponíveis, cerca de 51 mil.
Esse facto, conjugado com os bons resultados nos exames nacionais, tornaram o concurso de acesso deste ano mais difícil e competitivo. A percentagem de estudantes que já conseguiu colocação (87,2%) baixou quase dois pontos percentuais. O número de estudantes colocados em 1.ª opção também diminuiu (53%, menos dois pontos).
Ainda assim, há 38 cursos que abriram vagas este ano, mas que não receberam nenhum aluno. O número de vagas sobrantes (6734) é, porém, o mais baixo da última década. Estes lugares ficam agora disponíveis para a segunda fase do concurso de acesso, que começa nesta segunda-feira, prolongando-se até 20 de Setembro. Os resultados são conhecidos seis dias depois.
Apesar do aumento do número de colocados, o presidente da Federação Académica do Porto, João Pedro Videira, sublinha que estes representam ainda uma fatia reduzida da população em idade de entrar no ensino superior – 45% dos estudantes que concluíram o secundário este ano não mostraram intenções de prosseguir estudos. “A base social ainda não está larga o suficiente para conseguirmos atingir os objectivos de qualificação do país”, defende.
O concurso nacional de acesso é a via de entrada para cerca de dois terços dos estudantes que ingressam no ensino superior público. A estes alunos juntam-se os que vêm das restantes vias de ingresso, como os concursos especiais, realizados directamente junto das instituições de ensino superior e que permitem a entrada, por exemplo, dos alunos com mais de 23 anos; os concursos locais de acesso, para ingresso em cursos de música, teatro, cinema, dança, e os cursos técnicos superiores profissionais (Ctesp).
À semelhança do que fez no ano passado, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior faz uma estimativa que aponta para que venham a ser cerca de 77 mil os estudantes colocados no ensino superior este ano, incluindo todas estas vias de acesso e também o concurso especial para estudantes internacionais, que voltou a ter um aumento de procura.
O presidente da Comissão Nacional de Acesso, João Guerreiro, valoriza o crescimento de procura em três destes segmentos: Ctesp, estudantes internacionais e, sobretudo, nos reingressos — um aluno que tenha entrada num curso superior e que, por algum motivo, tenha suspendido a frequência, pode pedir à instituição em que estava inscrito para o receber de novo, para completar a formação. Mais de 3700 estudantes solicitaram essa prerrogativa neste ano — o que representa aumento de 20%. “Há muita gente que, por algum motivo, tinha interrompido a sua formação e agora entende que regressar ao ensino superior e completar um curso é importante. Isto é indicativo de um aumento de confiança no sector”, valoriza aquele responsável.
Fonte: Público
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