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Luso-descendentes no ensino superior português aumentaram 150% em quatro anos

Publicado em 01-10-2019
Luso-descendentes no ensino superior português aumentaram 150% em quatro anos

O número de luso-descendentes candidatos ao ensino superior em Portugal aumentou 150% em quatro anos, com 2019 a ser o mais concorrido da última década, segundo dados oficiais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Portugal tem um contingente reservado a filhos de emigrantes de 7% do total das vagas nacionais no acesso ao ensino superior, o que corresponde a cerca de 3500 vagas. Na primeira fase do concurso de 2019, 483 emigrantes e luso-descendentes candidataram-se a instituições de ensino superior portuguesas, tendo ficado colocados 416 (86%). Os estudantes provêm de França, Brasil, Angola, Venezuela, Luxemburgo, Suíça, Macau, Moçambique e Estados Unidos.

Em declarações à agência Lusa, o secretário Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Sobrinho Teixeira, apelou à comunidade emigrante portuguesa para que não deixe de apostar na qualificação superior dos seus filhos, garantindo que Portugal “está de braços abertos para os acolher”.

O número de candidatos tem vindo a crescer desde 2013, ano em que se registou o menor número de sempre com apenas 99 candidaturas. Em 1999 candidataram-se às instituições de ensino superior portuguesas 455 luso-descendentes, número que reduziu gradualmente iniciando apenas a retoma em 2014, ano em que houve 117 candidatos. Este ano, para incentivar mais luso-descendentes a candidatarem-se ao ensino superior em Portugal, o Governo realizou sessões de informação com pais e educadores no Brasil, em vários países da Europa, na América do Norte e em África.

“Ser português é ser qualificado e culto em Portugal ou em qualquer país do mundo”, disse o secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Sobrinho Teixeira, em declarações à Lusa sobre o número de candidatos. Para Sobrinho Teixeira, a língua portuguesa é uma uma mais-valia no contexto mundial, registando um procura por parte de estudantes estrangeiros, que ganham a capacidade de falar com 300 milhões de pessoas no mundo. “Hoje a qualificação é algo determinante para uma relação de competência no mercado de trabalho, mas também para termos uma noção do exercício da cidadania e uma resistência na defesa dos valores civilizacionais”

O governante explicou ainda que a campanha “Estudar e Investigar em Portugal” desenvolvida em 42 cidades serviu para motivar os portugueses a apostar na qualificação dos seus filhos, recordando que nem todos os sistemas de ensino superior na Europa e no mundo estão determinados a que todos os estudantes tenham uma oportunidade para prosseguir estudos.

“Não caiam na armadilha de não os qualificar” disse Sobrinho Teixeira, destacando que este desejo deve prevalecer ainda que exista abertura do mercado de trabalho dos respectivos países para receber os luso-descendentes. “O país está de braços abertos para qualificar todos, nomeadamente os filhos dos nossos emigrantes”, frisou. “O facto de os filhos e netos de emigrantes continuarem a ser proficientes em português não representa apenas uma relação de saudade ou de capacidade de comunicação com os familiares”, disse. Esta é também uma oportunidade para aperfeiçoarem o português, até porque as instituições de ensino superior têm actualmente esses mecanismos de aprendizagem da língua porque cada vez recebem mais estudantes estrangeiros, salientou.

Maioria opta por Gestão e Administração

Do total de candidatos, 57 optaram por formações superiores na área da Gestão e Administração, seguindo-se o Direito com 31, as Línguas e Literaturas Estrangeiras com 27, a Electrónica e Automação com 23 colocados. Seguem-se Economia (22 colocados), a Medicina (22), a Biologia e Bioquímica (20), Ciência Política e Cidadania (17), Terapia e Reabilitação (15), Tecnologia dos Processos Químicos (14), Psicologia (11), Contabilidade e Fiscalidade (11), Metalurgia e Metalomecânica (10), Jornalismo e Reportagem (10).

A Universidade de Lisboa receberá 85 destes alunos em cursos de Economia, Electrónica e Automação, Direito, Medicina e Biologia e Bioquímica, enquanto a Universidade do Porto receberá 77 alunos para cursos de Línguas e Literaturas Estrangeiras, Electrónica e Automação, Medicina e Biologia e Bioquímica.

 

Fonte: Público